quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Vidas Secas para ler e ver

Veja o filme, leia o livro. Compare, aprenda e divirta-se





Vidas Secas

GRACILIANO RAMOS

NA PLANÍCIE avermelhada os juazeiros alargavam duas manchas verdes. Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos. Ordinariamente andavam pouco, mas como haviam repousado bastante na areia do rio seco, a viagem progredira bem tres leguas. Fazia horas que procuravam uma sombra. A folhagem dos juazeiros apareceu longe, através dos galhos pelados da catinga rala.
Arrastaram-se para lá, devagar, Sinhá Vitoria com o filho mais novo escanchado no quarto e o baú de folha na cabeça, Fabiano sombrio, cambaio, o aió a tiracolo, a cuia pendurada numa correia presa ao cinturão, a espingarda de pederneira no ombro. O menino mais velho e a cachorra Baleia iam atrás.
Os juazeiros aproximaram-se, recuaram, sumiram-se. O menino mais velho pôs-se a chorar, sentou-se no chão.
- Anda, condenado do diabo, gritou-lhe o pai.
Nao obtendo resultado, fustigou-o com a bainha da faca de ponta. Mas o pequeno esperneou acuado, depois sossegou, deitou-se, fechou os olhos. Fabiano ainda lhe deu algumas pancadas e esperou que ele se levantasse. Como isto nao acontecesse, espiou os quatro cantos, zangado, praguejando baixo.
A catinga estendia-se, de um vermelho indeciso salpicado de manchas brancas que eram ossadas.
O voo negro dos urubus fazia círculos altos em redor de bichos moribundos.
- Anda, excomungado.
O pirralho nao se mexeu, e Fabiano desejou matá-lo. Tinha o coração grosso, queria responsabilizar alguém pela sua desgraça. A seca aparecia-lhe como um fato necessário - e a obstinação da criança irritava-o. Certamente esse obstáculo miudo nao era culpado, mas dificultava a marcha, e o vaqueiro precisava chegar, nao sabia onde.

Leve o livro.
Ou continue a leitura clicando em
http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/graciliano-ramos/vidas-secas.php

Vencendo Preconceitos

Entrevista com a escritora Geni Guimarães, autora de A cor da ternura e Leite do Peito, entre outros.
Nesta esntrevista ela fala sobre sua vida e sobre os três tipos de preconceitos
sofridos por ela (como mulher, negra e artista)


sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Notícia de ultima hora !!!!

Dia 27 de Setembro de 2011 harevá um "Show de Talentos".

Fotos do Zoológico em breve.

Apesar de você: Por amor à Liberdade

Monte Castelo: uma canção de amor


Outros Poemas de Amor

Um poema feito pela aluna Maelly (8A) e outro feito pela prof. Maria Nilda



Te amo de montão
Ou: Trem do amor

Eu quero curtir a vida
E curtir do bom
Por isso não saio dizendo
Te amo de montão
Te amo de montão
Te amo de montão

Mas nem todos pensam igual
Por isso saem dizendo
Que amar é bem legal

(Tem que pensar muito bem
Antes de sair dizendo a alguém
Te amo de montão
Te amo de montão
Te amo de montão
Para que não aconteça
Aquela grande decepção.)

Prefiro não correr o risco!
Se posso ficar calada
digo te adoro e basta!

Quando for a hora certa
Olho no fundo dos teus olhos
Digo que você me completa

Que em nosso amor não
Aconteça decepção

E pra terminar eu digo
Te amo de montão
Te amo de montão
Te amo de montão

E amo do fundo do meu coração.

Maelly Monalisa
(Merllin)

Da (in)definição do Amor

Quem te disse que o amor
É apenas um consenso?


O amor é uma colcha
Toda cheia de remendos
Cada qual com sua cor
Seu tecido diferente.

O amor é uma espera
Uma temida saleta
Onde um sol arde na chuva
Não tem nome nem licença

O amor não é segredo
De repente
Revelado
Não é doce nem amargo
É vago
É açucena

O amor é uma lacuna
(a gente que a preencha)
Nem não cospe nem deglute. O amor
Não rouba a cena.

Meu amor é uma caixinha
Toda cheia de surpresas
De flores bem coloridas
A mísseis que entoam hinos
e crianças bem pequenas.


Pro. Maria Nilda

Poemas de Amor

Vários poemas e canções de amor trabalhados na Sala de Leitura.

MARÇO 64
LANDÊ ONAWALE

Parece que vai chover
E eu não musiquei o poema em que digo:
Te amo
Se vestirem de cinzas as nossas vidas
Eu jamais farei a tal canção
Em tempos fechados de chuva
Só declaro amor ao sol
Em tempos fechados de chuva
Preciso convencer-me
(e aos outros)
De que o sol existe
Mas… não desespere, meu amor:
Talvez nem chova…
Talvez nem chova em toda a nossa juventude
Talvez nos reste algum tesão um pelo outro
E ainda façam sentido declarações de amor


Apesar de você
Chico Buarque/1970


Hoje você é quem manda
Falou, tá falado
Não tem discussão
A minha gente hoje anda
Falando de lado
E olhando pro chão, viu
Você que inventou esse estado
E inventou de inventar
Toda a escuridão
Você que inventou o pecado
Esqueceu-se de inventar
O perdão

Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Eu pergunto a você
Onde vai se esconder
Da enorme euforia
Como vai proibir
Quando o galo insistir
Em cantar
Água nova brotando
E a gente se amando
Sem parar

Quando chegar o momento
Esse meu sofrimento
Vou cobrar com juros, juro
Todo esse amor reprimido
Esse grito contido
Este samba no escuro
Você que inventou a tristeza
Ora, tenha a fineza
De desinventar
Você vai pagar e é dobrado
Cada lágrima rolada
Nesse meu penar

Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Inda pago pra ver
O jardim florescer
Qual você não queria
Você vai se amargar
Vendo o dia raiar
Sem lhe pedir licença
E eu vou morrer de rir
Que esse dia há de vir
Antes do que você pensa

Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Você vai ter que ver
A manhã renascer
E esbanjar poesia
Como vai se explicar
Vendo o céu clarear
De repente, impunemente
Como vai abafar
Nosso coro a cantar
Na sua frente

Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Você vai se dar mal
Etc. e tal

Soneto 11
Camões

Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?
Luis Vaz de Camões


quarta-feira, 24 de agosto de 2011

O Quilombo

(Poema da aluna Gabrielle Rodrigues Leite, 4A. Prof. Iara)


Depois de anos de luta
contra a escravidão
a saída da fazenda
com alegria no coração.

Após um longo caminho
chegaram ao Quilombo
cada um em seu cantinho
para agradecer sozinho.

Todos com sua plantação
fora de casa
as comidas expostas
ao ar e brasa.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

A vida e a morte Ou: O inteligente e o trouxa

Poema coletivo produzido pelas alunas Vitoria e Jennifer - 7B - inspirado no poema de Fernando Pessoa (Álvaro de Campos) "Se te queres matar..."

A vida e a morte Ou: o inteligente e o trouxa

Se te queres matar, porque não te queres matar?
Fernando Pessoa/Álvaro de Campos


Você quer se matar? Porque Você quer se matar?
Ah! Aproveite a vida enquanto a tem.

Pra que te servem os amigos
E a família?
Para dar palavras falsas
Abraços mentirosos?
Você quer se matar? não
se mate.

Fazes falta...
Isso é uma pergunta ou uma verdade?
Peço para que não
Se mate!

Fazes falta!?
Flor de verdade.
Lembre-se que sempre haverá
alguém que dirá
Não
se
mate.

Assim, não te matarás.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Leite do Peito - Geni Guimarães

Estamos lendo com as turmas da EJA o livro Leite do Peito, de Geni Guimarães. Trata-se de um livro de contos onde as lembranças da menina crescendo e se fazendo mulher vão desvelando dores, discriminações, esperanças e muita garra da autora-personagem..
Um livro lindo. De doer.

terça-feira, 24 de maio de 2011

O quê estamos lendo: Uloma a casa da beleza



Escrito por Sunny e ilustrado por Denise Nascimento - Ed. Paulinas
Uloma traz contos tradicionais africanos. Embora tenha contos com animas, incluindo uma versão da história da tartaruga que vai à uma festa no céu, a maioria conta histórias de gente. As narrativas falam de diversas formas de amor e todas com muito encantamento. Há canções mágicas, estrelas cadentes, bruxas, fadas, animais com poderes mágicos etc... Temas como inveja e orgulho também estão muito presentes. São histórias para serem contadas e recontadas como os que são considerados como Contos Clássicos da literatura infanto-juvenil.
(fonte: http://literaturainfantilafrobrasil.blogspot.com/2010/01/ulomma-casa-da-beleza-e-outros-contos-e.html)

Ferreira Gullar - Traduzir-se

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Metade, Oswaldo Montenegro


quinta-feira, 28 de abril de 2011

Sala de Leitura, sala de poesia: Manuel Bandeira

Trem de Ferro
(Manuel Bandeira, Estrela da vida inteira)

Café com pão
Café com pão
Café com pão

Virge Maria que foi isso maquinista?

Agora sim
Café com pão
Agora sim
Voa, fumaça
Corre, cerca
Ai seu foguista
Bota fogo
Na fornalha
Que eu preciso
Muita força
Muita força
Muita força
(trem de ferro, trem de ferro)

Oô...
Foge, bicho
Foge, povo
Passa ponte
Passa poste
Passa pasto
Passa boi
Passa boiada
Passa galho
Da ingazeira
Debruçada
No riacho
Que vontade
De cantar!
Oô...
(café com pão é muito bom)

Quando me prendero
No canaviá
Cada pé de cana
Era um oficiá
Oô...
Menina bonita
Do vestido verde
Me dá tua boca
Pra matar minha sede
Oô...
Vou mimbora vou mimbora
Não gosto daqui
Nasci no sertão
Sou de Ouricuri
Oô...

Vaou depressa
Vou correndo
Vou na toda
Que só levo
Pouca gente
Pouca gente
Pouca gente...

Sala de Leitura, sala de poesia: murilo mendes

POEMA DO FANÁTICO
Murilo Mendes
in: Obra completa poesia e prosa

Não bebo álcool, não tomo ópio nem éter,
sou o embriagado de ti e por ti.
Mil dedos me apontam na rua:
eis o homem que é fanático por uma mulher.

Tua ternura e tua crueldade são iguais diante de mim
porque eu amo tudo o que vem de ti.
Amo-te na tua miséria e na tua glória
e te amaria mais ainda se sofresses muito mais.

Caíste em fogo na minha vida de rebelado.
Sou insensível ao tempo - porque tu existes.
Eu sou fanático da tua pessoa,
da tua graça, do teu espírito, do aparelhamento da tua vida.
Eu quisera formar uma unidade contigo
e me extinguir violentamente contigo na febre da minha, da tua da nossa poesia.

Sala de Leitura, sala de poesia: Drummond

(poemas lidos na sala de leitura)




Resíduo
Carlos Drummond de Andrade

in: Antologia Poética

De tudo ficou um pouco
Do meu medo. Do teu asco.
Dos gritos gagos. Da rosa
ficou um pouco

Ficou um pouco de luz
captada no chapéu.
Nos olhos do rufião
de ternura ficou um pouco
(muito pouco).

Pouco ficou deste pó
de que teu branco sapato
se cobriu. Ficaram poucas
roupas, poucos véus rotos
pouco, pouco, muito pouco.

Mas de tudo fica um pouco.
Da ponte bombardeada,
de duas folhas de grama,
do maço- vazio - de cigarros, ficou um pouco.

Pois de tudo fica um pouco.
Fica um pouco de teu queixo
no queixo de tua filha.
De teu áspero silêncio
um pouco ficou, um pouco
nos muros zangados,
nas folhas, mudas, que sobem.

Ficou um pouco de tudo
no pires de porcelana,
dragão partido, flor branca,
ficou um poucode ruga na vossa testa,
retrato.

Se de tudo fica um pouco,
mas por que não ficaria
um pouco de mim? no trem
que leva ao norte, no barco,
nos anúncios de jornal,
um pouco de mim em Londres,
um pouco de mim algures?
na consoante?
no poço?

Um pouco fica oscilando
na embocadura dos rios
e os peixes não o evitam,
um pouco: não está nos livros.

De tudo fica um pouco.
Não muito: de uma torneira
pinga esta gota absurda,
meio sal e meio álcool,
salta esta perna de rã,
este vidro de relógio
partido em mil esperanças,
este pescoço de cisne,
este segredo infantil...
De tudo ficou um pouco:
de mim; de ti; de Abelardo.
Cabelo na minha manga,
de tudo ficou um pouco;
vento nas orelhas minhas,
simplório arroto, gemido
de víscera inconformada,
e minúsculos artefatos:
campânula, alvéolo, cápsula
de revólver... de aspirina.
De tudo ficou um pouco.

E de tudo fica um pouco.
Oh abre os vidros de loção
e abafa
o insuportável mau cheiro da memória.
Mas de tudo, terrível, fica um pouco,
e sob as ondas ritmadas
e sob as nuvens e os ventos
e sob as pontes e sob os túneis
e sob as labaredas e sob o sarcasmo
e sob a gosma e sob o vômito
e sob o soluço, o cárcere, o esquecido
e sob os espetáculos e sob a morte escarlate
e sob as bibliotecas, os asilos, as igrejas triunfantes
e sob tu mesmo e sob teus pés já duros
e sob os gonzos da família e da classe,
fica sempre um pouco de tudo.
Às vezes um botão.
Às vezes um rato.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Nova professora

Pronto! Agora ninguém mais fica sem acesso à Sala de Leitura: a professora Maria Nilda ficará responsável por essas aulas. Aproveitem e boas leituras!